Lixo
Por sua quantidade crescente e pelo perigo de intoxicação, o acúmulo de lixo representa hoje uma grave ameaça para a saúde humana e para o meio ambiente, tanto nos países industrializados – onde cresce a utilização de produtos descartáveis – como nos países em desenvolvimento, que não têm recursos tecnológicos para o tratamento adequado dos resíduos. Os dejetos acumulados em depósitos contaminam o solo e a água e constituem focos de doenças. Além disso, sua incineração pode provocar gases que poluem a atmosfera.
O Brasil acumula por dia, uma média de 1kg de lixo por pessoa; nos EUA, a proporção cresce para 2,5 kg/pessoa/dia. No mundo todo, os produtos descartáveis provocam verdadeiras montanhas de lixo – e alguns deles permanecem, quase indefinidamente, poluindo o meio ambiente (uma fralda descartável leva 500 anos para se decompor).
Outros resíduos ocasionam a chuva ácida ou comprometem a camada de ozônio.
Em 1993, a região metropolitana de São Paulo, a Baixada Santista e o Vale do Ribeira produziram 234 mil toneladas de resíduos industriais considerados perigosos.
Experiências em vários países já demonstraram que é possível reduzir significativamente a quantidade de lixo através da reciclagem e da reformulação dos processos industriais.
No Brasil, apesar de experiências com usinas de compostagem, que transformam o lixo em adubo (em São Paulo apenas 10% do lixo) e a coleta seletiva do lixo (na cidade de São Paulo apenas 0,7% do lixo é reciclado), o aproveitamento do lixo é mínimo.
Em fevereiro de 1990, para evitar os abusos que vinham sendo praticados por países do Primeiro Mundo – que pagavam nações do Terceiro Mundo para receber seus detritos tóxicos -, a Comunidade Européia fez um acordo com 70 países (dos quais o Brasil não faz parte) que se comprometeram a não receber nem “exportar” lixo tóxico.
Entre os principais elementos tóxicos, presentes tanto no lixo industrial como no doméstico (que, São Paulo representa 50% do lixo da cidade), estão tintas e solventes, baterias e pilhas, vários produtos de limpeza doméstica, pesticidas e objetos eletrônicos. Estes produtos contem substancias potencialmente poluentes e não recicláveis no Brasil, como mercúrio, chumbo, zinco, níquel, cádmio.
A importância de reciclar o lixo
A consciência quanto à reutilização de materiais tem aumentado nos últimos anos. Além de ajudar a resolver o problema de acúmulo de resíduos, recicla o lixo preserva recursos naturais cada vez mais escassos.
A transformação de materiais desprezada em produtos úteis ao dia a dia das pessoas traz uma série de vantagens, entre elas a diminuição do desperdício, aumento da vida útil dos aterros sanitários, redução dos gastos com a limpeza das cidades, além de ser uma importante fonte de renda, por servir de matéria prima para algumas indústrias que deixam de realizar novas extrações minerais ou corte de árvores. No Brasil, por exemplo, 70% das latas de alumínio são reaproveitadas, graças aos catadores informais.
Se você quer colaborar, procure postos de entrega voluntária, instituições sociais, recicladores ou sucateiros que trabalham com materiais recicláveis.
O que deve ir para coleta seletiva?
Papel: Jornais, revistas, papelão, formulários, papéis brancos, cartões, aparas de papel, papel- toalha, cartolina, embalagens de ovo, fotocópia, envelopes e caixas em geral. Plástico: Copos plásticos, vasilhas, embalagens de refrigerante, sacos de leite, frascos de shampoo e de detergentes, embalagens de margarina, tubos de canos de PVC.
Vidro: Copos, garrafas, potes, frascos e cacos.
Metal: Chapas metálicas, latas de alumínio, panelas, fio, arames, pregos, sucatas de ferro e cobre.
Papel - A principal matéria-prima do papel é a pasta celulósica, que é extraída da madeira, sendo que as principais no Brasil são o eucalipto e o pinus.
As empresas produtoras de celulose possuem seus próprios reflorestamentos, atendendo de 70% à 80% de sua demanda, sendo o restante abastecido por terceiros. São incentivadas ao reflorestamento, recebendo das empresas produtoras mudas selecionadas, assistência técnica de plantio e produtividade, e do comprometimento da compra da madeira ao preço da época do corte.
Aproximadamente 50% da madeira é celulose.
O eucalipto tem fibras de celulose curtinhas e por isso oferece um papel de superfície bem lisa usado principalmente para fazer o papel para escrever e ainda o papel xerográfico.
O pinus possui fibras de celulose mais longas, e por isso é usado para fazer papel para caixas e embalagens que precisão de maior resistência.
Para a obtenção de uma tonelada de papel é necessário cortar de 10 à 20 árvores.
Reciclagem - Para reciclarmos o papel não necessitamos de processos químicos para a obtenção da pasta de celulose evitando com isso a poluição do ar e dos rios.
Basicamente as aparas (nome usado à papeis já usados) são misturados com água em um grande liquidificador chamado hidrapulper. Após virar uma massa ela segue para o setor de limpeza onde são retirados materiais como metais, plásticos e areia.
Neste ponto temos novamente a pasta de celulose que vai para a máquina de fazer papel para a retirada da água, prensagem e secagem, formando a folha de papel reciclado.
Na reciclagem há uma grande quantidade de água e gasta-se metade da energia usada para fabricar o papel apartir da madeira.
Metal - Os metais são extraídos da natureza em forma de minérios. Aquecendo o metal que ele contém, o ferro fica líquido e pode ser transformado para fazer diversos objetos.
Os metais podem unir-se a outros materiais formando as ligas metálicas, com características bem diferentes dos metais que a originaram.
Exemplo: Aquecendo-se o ferro com o carbono, temos o aço dando origem a utensílios domésticos, ferramentas, carros e embalagens.
As latas de conserva de alimentos são feitas de aço para não oxidar (enferrujar) em contato com o ar e estragar os alimentos. O aço utilizado nessas embalagens é revestido com uma fina camada de estanho ou cromo.
Outro material bastante utilizado para embalagens de alimentos, principalmente para latas de bebidas é o alumínio. O alumínio é extraído de um minério chamado bauxita. O alumínio é leve, resistente e não enferruja em contato com o ar.
Reciclagem - Quando jogados nos aterros sanitários alguns desses materiais se desintegram e voltam a ser minério. Este processo leva de dois a quatro anos. Existe o risco destas latas enferrujadas ferir pessoas e animais que tenham contato com o lixo.
O processo de separar as latas e outros metais, e encaminhar para a reciclagem é de grande economia.
Neste processo as latas são limpas e separadas do aço e do alumínio. Amassadas e transformadas em blocos chamados de sucata que são encaminhados para a fábrica de reciclagem.
A sucata é derretida para a formação de placas de aço ou alumínio que viram latas novamente.
Com a reciclagem do aço economizam-se três quartos da energia usada para fabricar o aço a partir do minério de ferro.
A reciclagem do alumínio é ainda mais vantajosa, pois gasta-se muita energia para produzir alumínio da bauxita.
Cada tonelada de alumínio reciclado economiza a extração de cinco toneladas de bauxita.
Vidros - O vidro foi descoberto pelos fenícios há milhares de anos. Unindo a areia quente com cinzas conseguiram obter um material transparente que chamamos de vidro.
Hoje ainda é usado a mesma matéria-prima, areia onde é retirada a sílica, a barrilha de onde vem o sódio e o calcário de onde é retirado o cálcio.
Na fabricação do vidro, esses materiais são aquecidos juntos em um forno á temperaturas muito altas, entre1300ºC e 1500ºC.
Quando quente a mistura é mole e pode ser moldada de diferentes formas.
O vidro quando levado para os aterros sanitários, após seu uso, não se decompõe, podendo ficar enterrados por muitos anos.
Apesar da matéria-prima empregada para fabricar o vidro ser barata e fácil de extrair da natureza, causa danos com a mineração. Sem contar com o altíssimo consumo de energia para recolher areia e o aquecimento dos fornos.
Reciclagem - No centro de triagem os vidros são separados, triturados e transformados em pequenos cacos que são colocados em tambores para envia-los as vidrarias.
Nas vidrarias os cacos são lavados e misturados com areia, calcário, sódio e outros onde o caco representa de 35 a 50% do total.
A mistura vai então para os fornos onde é fundida a uma temperatura média de 1300ºC. Após a fusão nos fornos a massa é despejada nas diversas fôrmas das industrias vidreiras e por um processo automático transformados em novas embalagens.
Os vidros de janelas, espelhos, lâmpadas e tubos de televisão, são compostos de matérias-primas diferentes, por isso não devem ser colocados com garrafas, potes e frascos.
Plasticos - Os plásticos, em sua maioria, são produzidos a partir do petróleo. Embora o petróleo seja uma fonte não renovável de matéria-prima, apenas 1% do petróleo consumido no Brasil é utilizado para a produção de plástico.
Os produtos extraídos do petróleo para fabricar os materiais plásticos são transformados em resinas plásticas. As resinas plásticas podem ter sua composição química modificada e dar origem a diferentes tipos de plásticos. Por isso alguns plásticos são mais transparentes que outros ou derretem mais facilmente.
Os materiais plásticos usados para fazer embalagens são chamados de termoplásticos porque eles amolecem quando aquecidos, podendo ser transformados em novos produtos.
Assim as embalagens plásticas podem ser derretidas e produzir novos produtos, ou seja, elas podem ser recicladas.
As embalagens plásticas podem ser feitas como películas finas que usamos para fazer saquinhos e sacolas de supermercados, ou como recipientes rígidos, como as garrafas e potes.
Os restos de plásticos não se decompõem quando enterrados. Embora hoje já existam os plásticos biodegradáveis, eles são empregados apenas em alguns casos, como em cirurgias ou na agricultura. Alguns plásticos biodegradáveis podem gerar produtos tóxicos na sua biodegradação.
Concluindo as embalagens que utilizamos em nossas casas no dia a dia, devem ser separadas para a reciclagem.
Reciclagem - Quanto melhor a separação dos materiais plásticos, melhor será a qualidade do plástico reciclado.
Para ajudar as pessoas a separar os diferentes tipos de materiais plásticos, algumas industrias brasileiras começaram a imprimir o código da resina plástica na embalagem para ajudar na identificação.
A codificação é feita com um triângulo com letras dentro. Cada número significa um tipo de resina, como vemos a seguir:
PET - ou polietileno tereftalo, usado nas garrafas de refrigerantes, óleo comestível, água mineral e remédios.
PEAD - polietileno de alta densidade, usado nas sacolas de supermercados, frascos de detergente e outros produtos de limpeza (baldes) e ainda potes para sorvete.
PVC - cloreto de polivinila, usado para filmes que cobrem bandejas de frutas e vegetais, garrafas de vinagre e água mineral.
PEBD - polietileno de baixa densidade, usado para embalagens de alimentos, tais como arroz, feijão, açúcar, fubá, etc. , para sacos de lixo e lonas agrícolas.
PP - polipropileno, usado em embalagens de massas e biscoitos, potes para margarinas e copos de água mineral.
PS - poliestireno, usado para copos descartáveis, copos de água mineral, potes para iogurte e ainda como material escolar.
Outros - plásticos especiais usados principalmente para fazer eletrodomésticos como liquidificadores e também corpos de computadores.
Em nossas casas, não precisamos separar os diferentes tipos de plásticos. Essa separação é feita na Central de Triagem por pessoas treinadas. Basta que entreguemos as embalagens plásticas limpas nos Locais de Entrega Voluntária ou para o Caminhão da Coleta Seletiva.
Na Central de Triagem, os materiais plásticos, após a separação, são encaminhados para as Fábricas de Reciclagem onde são novamente derretidos para a fabricação de sacos de lixo, vaso para flores, baldes, engradados, bancos de jardim, enchimento para almofadas,etc.
Da Central de Triagem, as embalagens plásticas podem, também, ser enviadas para a reciclagem térmica. A reciclagem térmica consiste na incineração do material, com recuperação de energia.
A queima do plástico, quando realizada em incineradores, produz menos fumaça e poluição atmosférica que o carvão e o petróleo.
Para não contaminar o solo e não prejudicar a saúde da população, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou uma resolução que obriga os fabricantes de celular a recolher as baterias inutilizadas.
A medida entrou em vigor em julho de 2000.
Empresa
Como proceder
Informações
Ericsson - Recolherá as baterias da própria marca
Entregar nas lojas da marca ou nos postos de assistência técnica
0800-174444
Gradiente - Recolherá as baterias da própria marca
Entregar pelo correio, em um envelope especial
(11) 814-8222
LG - Ainda não tem um plano determinado
0800-171514
Motorola - Recolherá as baterias da própria marca
Entregar nas lojas da marca ou nos postos autorizados
0800-121244
Nokia - Ainda não tem um plano determinado
(11) 3039-3443
aceita ligação a cobrar
Philips - Recolherá as baterias da própria marca
Entregar nas lojas da marca ou nos postos de assistência técnica
0800-123123
Qualcomm - Recolherá as baterias da própria marca
Entregar nas lojas da marca ou nos postos de assistência técnica
0800-552362
Sansung - Recolherá as baterias da própria marca
Entregar nas lojas da marca ou nos postos de assistência técnica
0800-124421
De acordo com a Constituição Federal de 1988 Art. 225 “Do Meio Ambiente”:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações.
Parágrafo VI - promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
Reduzir / Reutilizar / Reciclar
Como podemos colaborar praticando os 3 Rs?
Reduzir:
* Evitar empacotamentos desnecessários, utilizando sua própria bolsa de compras;
* Não comprar embalagens descartáveis, havendo alternativa de embalagens retornáveis;
* Preferir produtos com embalagens recicláveis;
* Comprar sempre produtos duráveis e resistentes, alimentos frescos não embalados;
* Planejar bem suas compras para não haver desperdício;
* Assinar jornais e revistas em conjunto com outras pessoas;
* Diminuir o uso de plásticos;
* Escrever em papel reciclado;
* Usar papel higiênico não colorido (sem corantes), feito de papel reciclado.
Reutilizar:
* Separar sacolas, sacos de papel, vidros, caixas de ovos e papéis de embrulho que podem ser reutilizados;
* Usar como rascunho o verso de folhas de papel já utilizado;
* Utilizar coador de café não descartável;
* Pensar em restaurar e conservar antes de pensar em jogar fora;
* Doar roupas, móveis, aparelhos domésticos, brinquedos, etc; que possam ser reaproveitados por outros;
* Levar seu lanche ou almoço em recipientes reutilizados (marmita) e não em recipientes (de plástico ou alumínio) descartáveis;
* Não jogar no lixo aparelhos quebrados que podem ser vendidos no ferro velho, ou desmontados, reaproveitando as peças;
* Preferir as fraldas laváveis às descartáveis;
* Caixas de papelão e plásticos sempre são necessárias em casa – é bom guarda-las mesmo que não tenha utilidade de imediato.
Reciclar:
* Fazer compostagem doméstica com seus restos de jardim e de cozinha;
* Separar materiais recicláveis (papel, vidro, metal e plástico) para entregá-los aos programas de “Coleta Seletiva” que estão sendo implantados em várias cidades e/ou vende-los aos comerciantes de sucata.
Quanto o País ganha ao reciclar o lixo?
O lixo é uma fonte de riqueza. As indústrias de reciclagem produzem papéis, folhas de alumínio, lâminas de borracha, fibras e energia elétrica gerada por combustão. A indústria de reciclagem não pára de crescer. No Brasil, a cada ano, são desperdiçados R$ 4,6 bilhões porque não se recicla tudo que poderia, segundo o pesquisador da Universidade de São Paulo, Sabetai Calderoni.
Alem disso, a reciclagem é uma das principais orientações da Agenda 21 sobre desenvolvimento sustentável. Reduzir, Reutilizar e Reciclar são os 3 Rs fundamentais na conservação do meio ambiente em todo o mundo.
Embora o país seja um grande reciclador de alumínio, o Brasil ainda recicla pouco os vidros, plásticos, latas de ferro e pneus que consome.
O que o Brasil recicla?
Material
Quanto o Brasil recicla
Curiosidade
vidro
35% das embalagens de vidro são reciclados
O Japão recicla 55,5% do vidro que consome
papel e papelão
36% são reciclados
O país chega e importar aparas para reciclar
plástico filme (usado nas sacolas de supermercado)
15% são reciclados
Representa 3% do lixo urbano nas capitais
PET
O Brasil recicla pouco, apenas 15% do que consome
O PET reciclado transforma-se em fibras para cordas, vassouras e escovas
Óleo
18% do óleo são rerrefinados. Normalmente o óleo usado é jogado no esgoto, causando entupimentos e poluição
Altamente poluentes apenas 1% de óleo consumido no mundo é reciclado. Os EUA e Europa têm programas para recolher 40% do óleo utilizado e depositá-lo em tanques especiais
Latas de aço
35% das latas são recicladas
São Paulo consome 360 toneladas dessas latas por dia, mas o Brasil importa latas usadas para a reciclagem. Os EUA reciclam 43% e o Japão 61%
Pneu
Apenas 10% dos pneus tem sua borracha reciclada
O Brasil exporta pneus para reciclagem. A borracha desses pneus é usada na fabricação de sola de sapato e na produção de asfalto
Embalagem longa vida
Não há dados. Sabe-se que o índice de reciclagem é muito pequeno
A Alemanha recicla 65% das embalagens longa vida que consome. A incineração das embalagens é um excelente combustível para geração de energia
Consumo consciente = menos lixo
O Brasil produz cerca de 230 mil toneladas de lixo por dia. Isso equivale a duas filas de caminhões de lixo de 5 toneladas, ocupando o espaço de dez pontes Rio-Niterói. Cada brasileiro gera diariamente, em média, 500 gramas de lixo. Esse número pode chegar a 1kg, dependendo do poder aquisitivo e do local onde se vive. Só em São Paulo são produzidas 12 mil toneladas diárias. Em algumas cidades brasileiras, quase metade do lixo é atirado pelas ruas, em terrenos baldios, rios, lagos e até mesmo no mar.
O lixo que descartamos em casa é normalmente colocado em sacos plásticos fechados. Cerca de 35% do lixo coletado poderia ser reciclado ou reutilizado, e outros 35% poderiam ser transformados em adubo orgânico. De tudo o que é coletado, apenas uma pequena parte é destinada adequadamente a aterros sanitários. O restante é depositado em lixões, sem nenhum tratamento.
Reduzir a quantidade de lixo é um compromisso de todos. Se pensarmos que cada pessoa produz cerca de 180 quilos de lixo num ano, percebemos facilmente que minimizar esse quadro depende da atitude de cada um de nós.
Todo o material descartado e que se transforma em lixo nas grandes cidades pode, em larga escala, ser recuperado como matéria-prima e reutilizado na fabricação de novos produtos. A isso damos o nome de reciclagem. Dessa maneira, evita-se que esse material acabe no lixo e diminui-se a quantidade de resíduos sólidos.
Através da coleta seletiva é possível transformar o lixo urbano em uma grande fonte de renda, ajudar a aumentar a vida útil dos aterros sanitários e reduzir os gastos do município com a limpeza da cidade. Evitar o desperdício e reciclar o lixo é o melhor meio de transformar frascos de plásticos, vidros, alumínio, papéis e borracha em matéria-prima para a indústria sem que haja a necessidade, por exemplo, de novas extrações minerais ou corte de árvores.
Reciclagem - compre esta idéia
Para participar da reciclagem, você pode procurar um catador que recolha material reciclável em sua rua ou condomínio, um dos Postos de Entrega Voluntária (PEV) mantidos pelo Departamento de Limpeza Urbana (LIMPURB), recicladores e/ou sucateiros do município ou ainda instituições sociais que trabalham com materiais recicláveis.
Medidas que podem ser implantas em nosso dia-a-dia para reduzir a produção de lixo e estimular o consumo consciente:
•Evite comprar legumes, frios e carnes em bandejas de isopor;
•Procure produtos que tenham menos embalagens ou utilize aqueles que tenham embalagem reciclável;
•Quando for comprar presentes, evite a utilização de embalagens em excesso;
•Evite comprar produtos embalados em pets (garrafas de plástico), preferindo, sempre que possível, garrafas de vidro;
•Compre o suficiente para consumo, evitando desperdício de produtos e alimentos;
•Ponha no prato só o que você realmente for comer;
•Reaproveite sobras de alimentos de outros pratos: a casca de maçã serve para fazer chá, o talo de agrião pode ser utilizado em sopas, o talo de couve pode ser usado em sucos, a folha de cenoura pode ser consumida em saladas ou bolinhos etc;
•Reaproveite vidros de geléia, maionese, massa de tomate etc;
•Participe de bazares e feiras de troca, como as que são organizadas pela Arquidiocese de São Paulo e pela Escola Cooperativa;
•Quando possível, utilize o lixo orgânico para compostagem de jardins e hortas caseiras;
•Controle o uso da água: não deixe a torneira aberta à toa, abra e feche várias vezes, é melhor do que deixar a água correr sem necessidade;
•Desligue a TV se não estiver realmente assistindo e a luz do lugar onde não houver alguém.
LEMBRETE: A maior parte do que jogamos fora não é sujo, fica sujo depois de misturado. Se você separar antes os materiais que podem ser reciclados, a quantidade de lixo a ser coletado é muito menor.
* Divulgue essas informações para seus vizinhos, colegas de trabalho, amigos e parentes.
Repensem seus hábitos e ajude a preservar nosso meio ambiente.
Um dos grandes problemas da atualidade é o lixo. O homem colocando o lixo para o lixeiro ou jogando-o em terrenos baldios, resolve o seu problema, enquanto isso grande parte das cidades brasileiras lançam seu lixo diretamente sobre o solo sem tratamento, nos chamados lixões, causando a poluição do ambiente e a proliferação de ratos, moscas, baratas transmissores de doenças.
O lixo é todo e qualquer resíduo sólido resultante das atividades humanas.
No Brasil o lixo é composto na sua maior parte (53%) por restos de alimentos. A compostagem é uma forma de tratar
a matéria orgânica contida no lixo. Por esse processo a matéria orgânica é decomposta e o produto resultante pode ser misturado a terra deixando a mais fofa e com maior capacidade de reter água favorecendo o crescimento das plantas.
A reciclagem trata o lixo como matéria-prima a ser reaproveitada para fazer novos produtos e traz vários benefícios para a população:
Diminui a quantidade de lixo enviada aos aterros sanitários;
Diminui a extração de recursos naturais;
Diminui o consumo de energia;
Diminui a poluição;
Contribui para a limpeza da cidade;
Conscientiza os cidadãos a respeito do destino do lixo;
Gera mais emprego.
Materiais recicláveis
O PAPEL
A reciclagem do papel não exige processos químicos para obtenção da pasta de celulose, diminuindo com isso a poluição do ar e rios. Reduz a necessidade do corte de árvores, reduz a quantidade de água e se gasta metade da energia usada para fabricar o papel a partir da madeira.
O que é reciclável: caixinhas Longa Vida, jornais e revistas, folhas de caderno, formulários de computador, papel de fax, envelopes, fotocópias, caixas em geral, aparas de papel, rascunhos, provas, cartazes velhos.
O que não é reciclável: papel carbono, etiqueta adesiva,
fita crepe, guardanapos, fotografias, tocos de cigarros,
papéis sujos, papéis sanitários, papéis metalizados.
O PLÁSTICO
As embalagens plásticas podem ser enviadas para a reciclagem térmica, que através da incineração do material existe a recuperação de energia. A queima do plástico, quando realizada em incineradores adequados, produz
menos fumaça e poluição atmosférica que a queima do
carvão e óleo combustível.
O que é reciclável: embalagens de refrigerantes, margarina
e material de limpeza, copinho de café e água, canos e
tubos, sacos plásticos em geral.
O que não é reciclável: cabo de panela, tomadas.
O VIDRO
Através da reciclagem a economia da energia aumenta, pois para a fábrica de vidro a partir de cacos é necessário que o forno da vidraria atinja a temperatura média de 1300º C, enquanto que se utilizando apenas matérias-primas virgens
a temperatura do forno deve chegar a 1500ºC
O que é reciclável: recipientes em geral, garrafas de vários tamanhos, copos.O que não é reciclável: espelhos, tubos de TV, cerâmica, porcelana.
O METAL
Com a reciclagem do aço economizam-se três quartos da energia usada para fabricar o aço a partir do minério de
ferro. A reciclagem do alumínio é mais vantajosa, pois é grande o consumo da energia para produzir o alumínio a partir da bauxita. Cada tonelada de alumínio reciclado economiza a extração de cinco toneladas de bauxita.
O que é reciclável: lata de aço (lata de óleo, salsicha) lata
de alumínio (refrigerantes) outras sucatas de construção.
O que não é reciclável: clips e grampos, esponjas de aço, canos, pilhas.
PILHAS E BATERIAS
As pilhas com metais pesados em sua constituição, não são recicláveis e podem poluir o ambiente. As pilhas e baterias, inclusive algumas de celular e de carro, têm em sua composição metais pesados ( chumbo, cromo, zinco,
mercúrio, entre outros). Eles se acumulam na natureza e
não são degradados, incorporando-se à cadeia alimentar.
No homem, não são eliminados e desenvolvem efeito acumulativo, passando para as gerações futuras por meio
do cordão umbilical e do leite materno.
Limpeza dos Materiais.
Embalagens sujas ou com líquidos não podem ser recicladas. Todas as embalagens deverão ser lavadas apenas com água e colocadas para secar.
Metais: As latas deverão estar limpas e sem resíduos.
Papéis: Estes deveram estar sem gordura, graxas ou restos de comida.
Plásticos: Os frascos e potes deverão estar limpos e sem resíduos.
Vidros: Garrafas deverão estar limpas e sem resíduos
Vantagens da reciclagem
Cada latinha de alumínio reciclada economiza energia elétrica equivalente ao consumo de um aparelho de TV durante três horas.
É possível recuperar energia com a queima de pneus velhos em fornos controlados e cada pneu contém a energia de 9,4 litros de petróleo.
Cada tonelada de embalagem cartonada reciclada gera, aproximadamente, 650 quilos de papel Kraft, economizando
o corte de 20 árvores cultivadas em áreas de reflorestamento comercial.
Dicas
Consuma produtos que não contenham metais pesados.
Prefira comprar equipamentos recarregáveis. Empacote e envie para o fabricante, pilhas e baterias que
não têm mais utilidade ou prefira comprá-las em lojas que recebam o material usado.
Colabore com ações ou campanhas coletivas, como: Limpeza de praia, da mata. Combate à Dengue, Operação Rodízio, Sabesp,etc.
Vivencie o trabalho das ONG's (Organizações não governamentais) sócio-ambientais, apóie os projetos de preservação do meio ambiente (ecossistemas, fauna, flora e culturas tradicionais).
Na cidade de São Paulo, um habitante produz em média 1 kg de lixo por dia.
O desperdício contribui para acabar com os recursos naturais e aumentar o volume de lixo nos lixões. Procure consumir embalagens simples e recicláveis. Evite as embalagens descartáveis.
Observe as embalagens dos produtos que você usa. Procure os símbolos de reciclagem e identifique o material que ele representa.
Sacos plásticos, embalagens de vidro, caixas de papelão frascos plásticos e o outro lado da folha de papel usada podem ser reutilizados!
Preste atenção! Frascos de produtos tóxicos não devem acondicionar alimentos ou bebidas.
Reutilize latas de ferro, sacos e caixas de leite para plantio de sementes e mudas.
Consuma produtos e serviços ambientalmente corretos
Consumidor responsável e ambientalmente correto
* Planeje suas compras para não haver desperdício. Cada vez que for comprar algo, submeta os produtos ao seu teste pessoal de necessidade, qualidade e preço.
* Reutilize os sacos plásticos que trouxer dos supermercados, para outros fins utilizando-os para guardar o lixo. Após colocar dentro de sacos plásticos adequados para não ficar aqueles montes de sacolas.
* Leia os rótulos na hora de comprar. Preste atenção aos componentes (aditivos e conservantes podem causar problemas de saúde); à data de validade, se a embalagem é reciclável ou biodegradável e se há informações de como contactar o fabricante e fazer sugestões e reclamações.
* A melhor embalagem é a que protege, conserva e acomoda os produtos com materiais recicláveis e não poluentes. As que têm plástico ou alumínio em sua composição não são recicláveis. As embalagens “longa vida” possuem ambos: plástico e alumínio, portanto, devem ser evitadas sempre que possível.
* Prefira o reciclável (que, depois de usado, pode ser recolhido, lavado, reprocessado e reutilizado) ao descartável (que você usa e joga fora, aumentando a quantidade de lixo).
* Atenção aos prazos de validade dos alimentos. Na compra de alimentos em conserva, evite latas amassadas ou enferrujadas; não compre conservas em vidro cuja água estiver turva ou com espuma; tampas estufadas indicam reações químicas que estragam o produto.
* Não compre pulseiras, pentes, fivelas etc, feitos de tartaruga. O mesmo conselho serve para peles, ossos ou pêlos de animais (cobra, jacaré, onça, tigre, etc). Não compre objetos de marfim, retirados das presas de elefantes.
* Evite empacotamentos desnecessários.
* Não jogue aparelhos quebrados no lixo, eles podem ser vendidos ao ferro velho ou desmontado, reaproveitando as peças.
* Junte jornais, garrafas e latas para vendê-los ao sucateiro, ou entregue-os para alguém que o faça.
* Leve seu lanche ou refeição em recipientes reutilizáveis e não embrulhados em plástico ou em “marmitex”.
Reciclagem de Pneus
O surgimento dos pneus de borracha fez com que fossem substituídas as rodas de madeira e ferro, usadas em carroças e carruagens desde os primórdios da História.
Esse grande avanço foi possível quando o norte-americano Charles Goodyear inventou o pneu ao descobrir, o processo de vulcanização da borracha quando deixou o produto, misturado com enxofre, cair no fogão. Mal sabia ele que sua invensão revolucionaria o mundo. Entre as suas potencialidades industriais, além de ser mais resistente e durável, a borracha absorve melhor o impacto das rodas com o solo, o que tornou o transporte muito mais prático e confortável.
Porém, juntamente com a revolução no setor dos transportes, a utilização dos pneus de borracha trouxe consigo a problemática do impacto ambiental, uma vez que a maior parte dos pneus descartados está abandonado em locais inadequados, causando grandes transtornos para a saúde e a qualidade de vidas humanas.
Segundo organizações internacionais, a produção de pneus novos está estimada em cerca de 2 milhões por dia em todo o mundo. Já o descarte de pneus velhos chega a atingir, anualmente, a marca de quase 800 milhões de unidades. Só no Brasil são produzidos cerca de 40 milhões de pneus por ano e quase metade dessa produção é descartada nesse período.
Medidas mitigadoras do Impacto Ambiental
Uma forma encontrada para amenizar esse impacto foi a utilização das metodologias de reciclagem e reaproveitamento. Entre elas, a recauchutagem tem sido um mecanismo bastante utilizado para conter o descarte de pneus usados. O Brasil ocupa o 2o lugar no ranking mundial de recauchutagem de pneus, o que lhe confere uma posição vantajosa junto a vários países na luta pela conservação ambiental.
Esta técnica permite que o recauchutador, seguindo as recomendações das normas para atividade, adicione novas camadas de borracha nos pneus velhos, aumentando, desta forma, a vida útil do pneu em 100% e proporcionando uma economia de cerca de 80% de energia e matéria-prima em relação à produção de pneus novos.
Em termos de Brasil, o Estado do Paraná se destaca no cenário nacional de reciclagem de pneus, principalmente por estar localizado num ponto estratégico. Segundo Celso Luiz Dallagrana, diretor da Associação dos Recauchutadores de Pneus do Estado do Paraná, pelas suas estradas circulam um grande volume de caminhões que transportam cargas, que serão distribuídas para o restante do país. “Por essas circunstâncias criou-se um pólo de pneus, especialmente em Curitiba, onde, por conseqüência, concentrou-se a maior parte das empresas recauchutadoras de pneus do país”, explica o diretor.
Para Dallagrana, em vista do trabalho que o recauchutador executa e sua importante participação em prol da reciclagem, essa atividade precisa ser mais valorizada no país. “O objetivo principal da recauchutagem, sem dúvida, é proteger o meio ambiente. Portanto, necessita-se de mais incentivos, tanto por parte do governo, através de legislações competentes e linhas de créditos específicas, quanto por parte da sociedade em geral, que ainda não está conscientizada sobre a importância do trabalho que desenvolvemos”, declara o diretor.
Além disso, Dallagrana atenta para influência significativa que a recauchutagem exerce no âmbito social, já que uma empresa recauchutadora chega a empregar 20 funcionários, em média. Esse ramos brasileiro é o segundo maior no mundo e só perde para os Estados Unidos.”No entanto, falta ainda um maior esclarecimento por parte do setor para que o mercado reaproveite esse material, a exemplo do que já acontece com a reciclagem de papel e de alumínio”, conta Dallagrana.
As indústrias de reciclagem que utilizam o material proveniente do processo de recauchutagem para confecção de novos produtos também exercem um papel importante nesse contexto. No Paraná, a Ecija Comercial Exportadora e Importadora de Manufaturados Ltda., fundada em 1992, é uma das pioneiras nesta categoria. “Compra-se resíduos de borracha provenientes dos pneus e sucata de câmara de ar de pneus usados e envia-se para uma empresa com a qual temos parceria, na Holanda, que transforma e revende para fábricas de artefatos de borracha, para empresas que aplicam asfalto e para fábricas de pneus que os utilizarão como parte no composto de novos pneus.”, explica Jacinto Padilla, sócio-diretor da Ecija e representante brasileiro da ITRA - Associação Americana dos Recauchutadores e Recicladores de Borracha.
Segundo Padilla, existem dois tipos de pneus: os radiais e os diagonais. O pneu radial tem uma estrutura interna de aço, o que dificulta um pouco mais o processo de reciclagem, assim como exige máquinas mais sofisticadas para fazer a separação do aço, incorrendo num custo mais alto para a trituração. Já o pneu do tipo diagonal, que tem uma estrutura interna à base de tecidos, é bem mais fácil de reciclar. Porém, a tendência é que tenhamos um crescimento na utilização de pneus do tipo radial, cujos investimentos para reciclagem são maiores.
Conforme Padilla, o material proveniente da reciclagem dos pneus existe em abundância, assim com há também um grande mercado consumidor para esses produtos. No entanto, é um processo pouco conhecido e divulgado. Essa é uma das razões que o leva a exportar sua produção. Em termos internacionais, a reciclagem do pneu tem um potencial impressionante. É uma questão levada muito a sério pelos empresários estrangeiros. E o nosso produto desperta interesse porque, além de possuir uma caracetrística técnica específica, a tecnologia utilizada para a reciclagem é bastante moderna.
Ao exportar, conforme Padilla, reduz-se o volume de resíduos que podem ser descartados de forma inadequada, uma vez que a empresa manipula cerca de 5 mil toneladas de resíduos por ano. Se houvesse uma conscientização efetiva no Brasil, esse número poderia até triplicar. As estimativas atuais demonstram que o resíduo gerado na produção da indústria da borracha no Brasil e que é jogado fora gera um prejuízo em torno de US$ 38 milhões de dólares. Para viabilizar o aumento dessa atividade seria interessante que houvesse incentivo econômico e uma legislação que estimulasse a aplicação desses resíduos reciclados nos compostos de outros produtos, exigindo, inclusive, que os fabricantes utilizassem uma porcentagem de borracha reciclada em seus produtos.
As entidades que congregam as empresas de recauchutagem e reciclagem de pneus no Brasil têm empreendido várias ações para promover a importância da atividade. Entre elas, destaca-se a criação de um Grupo de Trabalho composto de representantes destes organismos, para atuar junto ao Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial na elaboração de uma norma que garanta a qualidade, tanto do pneu novo quanto do pneu recauchutado, fabricado no Brasil. Segundo Alexandre Moreira, diretor da ABR - Associação Brasileira de Recauchutagem e representante da entidade neste grupo de trabalho, já houve a criação de uma norma com esse objetivo. Assim, o Inmetro visa garantir que o pneu reformado também tenha o mesmo padrão de qualidade técnica. Este trabalho foi dividido em dois setores: veículo de passeio e o veículo de transporte de carga e passageiro. Para ele, a participação das entidades e demais categorias empresariais do setor tem sido bastante atuante.
Visando diminuir o passivo ambiental dos pneus inservíveis no país, o Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente publicou a Resolução No 258, de 26 de Agosto de 1999, que trata da destinação final, de forma ambientalmente adequada e segura, dispondo sobre a reciclagem, prazos de coleta, entre outros fatores. Segundo Paulo Moreira, vice-presidente da ABR, a publicação da Resolução, impondo que as empresas fabricantes e produtoras façam a coleta e dêem uma destinação final ambientalmente adequada aos resíduos, empreende metas progressivas para que o setor a cumpra num prazo relativamente grande. Em 2005, o processo estará bastante avançado e espera-se alcançar um patamar de quase 120% da reciclagem dos inservíveis. Desta forma, chegaremos a uma relação crescente da reciclagem, de modo a liquidar com o passivo ambiental de pneus no país.
Como é o processo de reciclagem de pneus
O processo de recuperação e regeneração dos pneus exige a separação da borracha vulcanizada de outros componentes (como metais e tecidos, por exemplo). Os pneus são cortados em lascas e purificados por um sistema de peneiras. As lascas são moídas e depois submetidas à digestão em vapor d’água e produtos químicos, como álcalis e óleos minerais, para desvulcanizá-las. O produto obtido pode ser então refinado em moinhos até a obtenção de uma manta uniforme ou extrudado para a obtenção de grânulos de borracha. Este material tem várias utilidades: cobrir áreas de lazer e quadras esportivas, fabricar tapetes para automóveis; passadeiras; saltos e solados de sapatos; colas e adesivos; câmaras de ar; rodos domésticos; tiras para indústrias de estofados; buchas para eixos de caminhões e ônibus, entre outros produtos.
O lixo e o Fator 10
Esforços internacionais convocam governos, empresas e sociedade civil para adotar o “Fator 10”, isto é, aumentar em 10 vezes a eco-eficiência no processo produtivo nos próximos 30 anos, buscando um desenvolvimento que promova o progresso das gerações presentes, mas que também garanta o das gerações futuras.
Em 1900 havia 1,5 bilhão de pessoas no mundo. Hoje existem seis bilhões. A “pegada ecológica” conceito surgido na década passada, fornece uma medida aproximada do impacto que a produção e o consumo de materiais, de alimentos, de combustíveis, etc., está tendo sobre o ambiente, mostrando a dimensão das armadilhas criadas pela civilização moderna para si mesma.
A economia do “jogar fora” está começando a dar sinais de transformação. A Bahia que recicla 21% do seu lixo, ainda tem mais de 90% das suas cidades sem esgotamento sanitário. Os esgotos são levados para as fossas ou despejados nas águas dos rios que abastecem campos e as cidades. Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, 80% de todas as doenças nos países em desenvolvimento advêm do consumo de água contaminada.
O conceito da minimização de resíduos, antes da reciclagem, pode ser incluído nas políticas de compras públicas nos três níveis: federal, estadual e municipal, estimulando o mercado nesta direção. Mecanismos sintonizados com o “Fator 10”, se introduzidos na Lei das licitações, induzirão à aquisição de produtos eco-eficientes pelos governos. Fica a sugestão para os congressistas eleitos e para os reeleitos.
Dados curiosos demonstram o estrago que, inadvertidamente, estamos causando ao Planeta. John Young, pesquisador da organização não-governamental Worldwatch Institute - WWI, calculou que para criar um simples par de alianças de ouro, são processados materiais equivalentes a um buraco de três metros de comprimento, por um e meio de largura e um e meio de profundidade. Tivemos duas grandes revoluções em termos de mudanças nas atividades econômicas, afirmou o cientista Lester Brown, fundador do WWI, em entrevista nas páginas amarelas da Veja. “A primeira foi a revolução agrícola, há dez mil anos. A segunda foi a industrial, que começou há dois séculos.
Estamos agora diante de outra grande reestruturação, que chamamos de revolução ambiental. A diferença é que uma durou muitos milênios e a outra, dois séculos. A revolução ambiental precisará acontecer em poucas décadas se quiser resultados”. Cerca de 150 mil brasileiros hoje vivem da coleta de latas de alumínio e geram uma renda que varia de R$ 200 a 600/mês. 45 latas de alumínio podem ser trocadas por um quilo de feijão e 35 por um quilo de arroz.
Cerca de 65% das latas de alumínio e 21% dos vasilhames de refrigerante (Pets) são reciclados no Brasil, o resto, com o nome one way (via única), não voltam para as fábricas. Ficam nas praias, ruas e rios; são parte do velho paradigma econômico do “jogar fora”.
A econologia - visão socioeconômico-ecológica integrada - ajuda na montagem da nova equação. O “Fator 10” é um aliado do programa “Fome Zero”, prioridade do governo eleito. Pode ajudar na redução da fome e ir além, gerando o lucro social, econômico e ecológico, integrados.
A poluição atmosférica mata três vezes mais que o trânsito. Pequenas partículas com dez micrômetros de diâmetro (1/2.400 de uma polegada) ou menores, podem se alojar nas alveólas do pulmão, como afirma o cientista Bernie Fischlowitz-Roberts, pesquisador do Earth Policy Institute - EPI. Na província canadense de Ontário a poluição atmosférica custa aos contribuintes cerca US$ 1 bi/ano em hospitalizações, emergências e ausências ao trabalho.
Quanto será que custa a poluição do ar, da terra e da água, aos cofres públicos aqui? A River Rouge, fábrica da Ford em Michigan, considerada um emblema da Segunda Revolução Industrial há 70 anos, foi modernizada. A Ford investiu US$ 2 bilhões na sua reforma transformando o telhado de 4 ha num “teto vivo”, uma área plantada que baixa o custo de refrigeração do ambiente interno, enquanto clarabóias inundam a fábrica de luz natural. Os economistas e engenheiros gostaram das mudanças tanto quanto os ecologistas.
Deram os primeiros passos. “A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao tamanho original”, lembrava Einstein.
Como a River Rouge, os carros que hoje poluem, poderão no futuro próximo ser modernizados, substituídos por veículos F-10 (Fator 10), movidos a combustíveis limpos, eco-eficientes, levando as montadoras a usar a imagem dos seus presidentes, nas telas da TV, para mostrar os seus investimentos na melhoria da qualidade de vida da população, com a redução do nível de poluição na atmosfera urbana.
Cada cidadão é parte ativa neste processo, o consumo sustentável pede a sua atenção e o seu voto. O papel de um jornal pode ser mais um item no seu lixo do dia, ou, pode entrar no “Fator 10” da sua casa ou trabalho. Este é um dos muitos recicláveis com os quais temos contato no dia-a-dia, materiais que podem gerar negócios - emprego e renda - ajudando a reduzir a fome, a manter o Hospital do Câncer ou tantos outros à sua escolha. O poder do voto só é lembrado quando somos convocados compulsoriamente para eleições, de dois em dois anos. Voto é exercício da vontade, continua válido todos os dias. A livre escolha é nossa.
(Eduardo Athayde)